terça-feira, 2 de outubro de 2012

Santos Dumont não inventou (também) o relógio de pulso

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Estreamos hoje nossa coluna no “O Grande Jornal”, então, para entender este post, você deve começar primeiro lá e depois continuar a cá.
Santos Dumont realmente não inventou o relógio de pulso não rapaz. Queixava-se muito de consultar a hora durante os vôos nos balões, mas não exatamente pensou em diminuir o relógio da parede e colocar no pulso, ele simplesmente fez o relógio de pulso voltar a moda.
Explico: A invenção do aparelho é de muito antes. Relógios assim eram comuns desde os tempos de Shakespeare, a própria rainha Elizabeth I (1533-1603) tinha um. Em 1868, a empresa Patek Phillippe reinventou a peça, que também foi usada por militares nos campos de batalha do século 19, como na guerra Franco-Prussiana.
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Voltando a polêmica iniciada na coluna no “O Grande Jornal”, Santos Dumont, no dia 12 de novembro de 1906, voou 220 metros com o 14-Bis, no campo de Bagatelle, chegando a uma latura máxima de 6 metros. Sem saber que os americanos já tinham voado muito mais nos anos anteriores, os jornais franceses estamparam Santos Dumont como o grande pioneiro aéreo. O herói brasileiro só voaria mais uma vez com o 14-Bis, em abril de 1907. Depois de um vôo de 30 metros de distância, a máquina se desequilibrou bruscamente e bateu no chão. A asa esquerda despedaçou-se. Após meses tentando tirar o aparelho do chão e mantê-lo equilibrado no ar, ele se viu em uma geringonça defeituosa e quebrada. Em silêncio e secretamente, deve ter percebido a verdade dolorosa: o 14-Bis não voava, no máximo dava pulinhos.
A Compagnie Générale de Navigation Aérienne, da França, tinha se interessado em comprar a patente e fabricar aviões, mas não os de Santos Dumont, mas o dos irmãos Wright. Só faltava uma exibição, que aconteceu em 8 de agosto de 1908, em Le Mans, a 30 quilômetros de Paris. Wilbur Wright deixou os franceses estupefatos com seus longos, altos e ininterruptos vôos em forma de oito.
Em todo o mundo (com exceção do Brasil), a polêmica sobre o pioneirismo do avião acabou ali. Em 1908, os irmãos mostraram que a criação do avião tinha ultrapassado a fase de testes e façanhas extraordinárias e já era uma realidade.
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Foto: Santos Dumont, a esquerda da foto, no fim da década de 1920




Enquanto isso, Santos Dumont, apesar do sucesso como um dos grandes pioneiros da aviação, o brasileiro já não se animava como antes e foi pouco a pouco se isolando dos amigos, acusando-os de terem-no abandonado. Descobriu que sofria de esclerose múltipla e foi embora de Paris, passou a morar em Benerville, na Normandia. Ficou lá até 1914, quando os alemães declararam guerra à França.
Suspeitavam que ele era um espião, já que andava fazendo observações com um telescópio alemão, ofendido foi para o único lugar onde ainda era conhecido como o inventor do avião: o Brasil.
Na terrinha, Santinho voltou a ser celebridade, já que o Brasil era carente de heróis nacionais. Ele ficou eternamente ofendido por ter sido esquecido pelos franceses. Em 1929 ele escreveu: “Foi uma experiência penosa para mim (ele mesmo escreveu esse “mim”aí) ver – depois de todo o meu trabalho com dirigíveis e máquinas mais pesadas do que o ar – a ingratidão daqueles que há pouco tempo me cobriam de glória”.
Doente, deprimido e enraivecido, Santos Dumont se suicidou em 1932, num hotel do Guarujá, São Paulo, enforcado por duas gravatas vermelhas dos tempos de pioneiro dos céus de Paris.
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Doodle em homenagem a Santos Dumont, um dos pioneiros da aviação.
Fonte: Guia politicamente incorreto da história do Brasil

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