quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Tirinhas e reflexão social



Entre todas as manifestações gráficas no jornalismo, duas se aproximam bastante das histórias em quadrinhos que são as tirinhas e as charges. 
As tirinhas se fixaram nos jornais devido a concorrência de dois grandes diários americanos: o Morning Journal, de Wiliam Hearst e o New York Journal, de Joseph Pulitzer.

The Yellow Kid ou O Garoto Amarelo era o nome mais conhecido de Mickey Dugan, personagem principal de Hogan´s Alley, provavelmente a primeira tira em quadrinhos do mundo e uma das primeiras a serem impressas a cores. Ela era desenhada por Richard Felton Outcault e apareceu pela primeira vez, de maneira esporádica na revista chamada Truth, entre 1894 a 1895.

O interesse pelas seções de quadrinhos, estimulou o aumento de espaço para novos artistas e personagens. Quando as primeiras tiras diárias foram publicadas em jornais de grande circulação, ganhou um local reservado, ao contrário da charge, que varia de editoria para editoria.

A proposta das tirinhas era simples: entreter.
Mostrava situações cômicas, servindo como uma piada desenhada e não tinha, no princípio, preocupação de explorar outros gêneros.
A tira de jornal busca o sucesso rápido, caso contrário não continua nas páginas de jornal. 

Procura o fácil entendimento e permeia, principalmente nos exemplos mais famosos, entre a universalidade dos temas e as referências à critica temporal. O que não quer dizer que a tirinha não se valida como meio de crítica e de reflexão social.

Charie Brown foi um novo gênero dentro dos quadrinhos de jornal: a tirinha pensante. Segundo Roman Gubern, “... a série de Charles M. Schulz renovou completamente as bases da Kid strip tradicional. O protagonista desta série, Charlie Brown, é um personagem no qual se projetam as angústias quotidianas e as neuroses do mundo dos adultos”.

Peanuts
Saiu de piadas ilustradas, para uma construção opinativa de maior importância. Charlie Brown e seus amigos criticavam o ensino nas escolas e facetas da humanidade como em Calvin e Haroldo, onde o roteiro bem humorado de Bil Waterson, falava do comportamento típico americano entre pais e filhos. 

Calvin e Haroldo
Por maior proximidade com a realidade e as tentativas de reportar problemas sociais e de época, a universalidade da tirinha mostra essa crítica nas entrelinhas. Principalmente por conta do espaço reduzido e o fundamento de fazer piadas rápidas, a tira de jornal não tem o aprofundamento necessário e a contextualização ideal para servir de crítica nos moldes do Jornalismo em quadrinhos.


Até pode servir como um meio de denúncia, mesmo por trás da comum fachada de ficção e cartunização do gênero das tiras, mas não conseguirá ir além sem uma reestruturação de espaço e formatação nos jornais (que é o principal veículo das tirinhas), para que possa comportar realmente uma reportagem em quadrinhos.




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