Com uma carreira meteórica, com altos e baixos, a vida de Amy Winehouse é contada em uma HQ de apenas 40 e poucas páginas. A cantora inglesa tinha somente 27 anos quando foi encontrada morta, no dia 23 de julho de 2011, devido a uma dose excessiva de álcool. Foi o bastante para ela entrar para o clube dos 27, famigerada lista da qual fazem parte Kurt Cobain, Jim Morrison, Janis Joplin, Jimi Hendrix, Brian Jones e Robert Johnson, todos eles mortos prematuramente, com a mesma idade. Amarga coincidência ou terrível maldição, o tema fúnebre acaba de se transformar em uma série em quadrinhos, com direito até a insinuações de um pacto com o demônio, deflagrado pelo cantor de blues Robert Johnson no Mississipi dos anos 1930.
Amy foi a escolhida para o primeiro volume da coleção, publicado originalmente na França, pela editora Casterman, e recém-lançado no Brasil pela Conrad, em uma bela edição colorida, de capa dura, ao preço de R$ 39,90. Escrita pelos franceses Christophe e Patrick Eudeline, e ilustrada pelo espanhol Javi Fernandez, com cores impressionantes de Luca Merli, a HQ pode parecer curta e rasteira, mas é eficiente ao apresentar alguns dos principais fatos da biografia da cantora, que deixou como legado apenas três discos gravados, um deles póstumo. Como, por exemplo, a relação de Amy com o pai superprotetor, Mitchell, responsável por ter apresentado à filha, ainda criança, a voz de Frank Sinatra. Graças ao ensinamento, “Frank” seria o nome do primeiro CD da filha, de 2003. Em uma das páginas do livro, cansada de tanto explicar à imprensa a razão do título, ela desfere: “Francamente, até o Robbie Williams já fez homenagem ao Frank Sinatra...”.
Existem outros coadjuvantes que aparecem com destaque na HQ, como a pouco conhecida Juliette Ashby, que além de ter sido a melhor amiga de Amy, ainda compartilhou com ela a paixão pela música. Inspiradas no trio feminino Salt-n-Pepa, as duas amigas criaram, na infância, uma dupla vocal chamal Sweet’n’Sour. “Deixem-me adivinhar... Amy é a azeda e Juliette a doce, certo?”, pergunta o diretor da escola aos recém-separados pais da cantora de “Rehab”.
Apesar da narrativa acelerada, os autores não esqueceram de incluir a presença fundamental do produtor Mark Ronson. Além de produzir, com Salaam Remi, o segundo e mais cultuado disco de Amy, “Back to black”, Ronson ainda compôs com ela a música título.Já o grande vilão da graphic novel, o namorado junkie, Blake Fielder-Civil, a cantora conheceu sem ajuda, em uma boate. As cenas de sexo, drogas e rock’n’roll do casal são as páginas mais ousadas graficamente. E as mais tristes, pois mostram a decadência de Amy. Resta saber se o leitor terá estômago para ler as outras seis HQs, com biografias brilhantes, mas tão depressivas quanto. A próxima, de Kurt Cobain, sai na Europa este ano, e, por aqui, em 2014.
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