Superman contra a Fome

 

Pra mim, a melhor história do Superman de todos os tempos. Leitura obrigatória para qualquer fã do herói. Publicado em 1999, Superman: Paz Na Terra (Superman: Peace on Earth) teve roteiro de Paul Dini e desenhos de Alex Ross. Lançado em forma de graphic novel, a história não mostra o Homem de Aço tentando desmontar um esquema de Lex Luthor, ou lutando contra um super vilão que ameaça Metrópolis. O roteiro de Paul Dini mostra o último filho de krypton enfrentando um dos maiores males da terra: a Fome.

 

 

 

A trama de Superman: Paz Na Terra tem início com a chegada do Natal em Metrópolis. Superman está instalando uma árvore de natal no centro da cidade quando ouve um pedido de ajuda no meio da multidão. Mas não é ninguém caindo de um prédio ou sendo assaltado, mas sim uma garota que desmaia perto dali. Logo o herói a resgata e a leva para um hospital, só pra descobrir que o motivo do mal estar da jovem foi desnutrição.

Esse é o ponto de partida para Superman iniciar uma campanha para reunir toda a comida excedente dos Estados Unidos, e em um único dia, tentar alimentar todos os famintos, não só de Metrópolis, mas do mundo todo.

Assim, o roteiro de Dini traz uma bela mensagem de união e esperança na figura do Superman, mas ao mesmo tempo mostra, que nem mesmo com todos os seus poderes, o kryptoniano poderia encontrar uma solução para fome. O legal é que o próprio chega a esta conclusão sem que isso soe didático para o leitor, em uma bela cena entre o herói e um garoto.

 

 

A história de Dini tem críticas bem contundentes. O roteirista critica a má distribuição de alimentos, lembrando que há sim comida para todos, alfineta o abismo das classes sociais tendo Metrópolis e o Rio de Janeiro como maiores exemplos. E é claro que a história ainda encontra tempo para tirar algumas farpas contra governos ditadores. Há uma clara referência a Saddain Husseim, que na época ainda estava no poder no Iraque.

Mas o mais interessante é a mensagem final. Pois tanto o Superman, quanto nós leitores, chegamos à conclusão que a solução do problema da fome não esta no “super” e sim no “homem”. Assim sendo, Dini mostra-nos um final simples, mas tocante e super eficiente.

 

Falei bastante do roteiro de Dini, mas não há como não exaltar a belíssima arte de Alex Ross, que beira o fotográfico. Ross trabalha cada local visitado pelo Superman com uma paleta de cor diferente, incluindo aí os belíssimos flashbacks de Smallville, que são pintados em um tom amarelado, simulando o por do sol. Outro quadro que merece destaque, é o belíssimo splash, que mostra o homem de aço sobrevoando o Rio De Janeiro com o Cristo Redentor ao fundo, em uma clara associação religiosa. Além disso, Ross homenageia os fãs de longa data do herói, ao retratar Clark Kent de sobretudo e chapéu, visual que ficou famoso nas primeiras HQs, e especialmente no filme de 1978.

 

Superman: Paz Na Terra vale a pena não só pra quem é fã do herói, mas também para quem procura uma história mais atípica dentro do gênero super herói. Com um roteiro bem escrito, que passa uma bonita mensagem sem a incômoda sensação de doutrinação e uma arte embasbacante de Alex Ross, Paz Na Terra é um clássico do Homem De Aço, que merece ser lido.