Valmício iniciou sua carreira profissional com 16 anos, em uma amistoso contra o Botafogo do Rio de Janeiro, jogo este que marcou sua vida
Leonardo Fraga
Em 1957 o Botafogo do Rio de Janeiro, conhecido na época como “O Glorioso Imortal” esteve em Imbituba, com os mitos: Didi, Quarentinha, Garrincha e Paulo Valentim. O Botafogo veio fazer um amistoso com o Imbituba Atlético Clube, e este jogo marcou em especial, a um dos maiores jogadores do time, Valmício Teixeira de Souza.
Valmício iniciou sua carreira com 15 anos no aspirante do Vila Nova Atlético Clube. Seu futebol passou a chamar a atenção de outras equipes e o Imbituba não pensou duas vezes, trazendo o garoto para as suas fileiras. Valmício se tornou titular do Imbituba Atlético Clube aos 16 anos.
1,62 metro de altura, magro, veloz e com muita habilidade com a bola. No cabeceio, no chute com as duas pernas e dono de uma finta espetacular, que por muitas vezes deixava seus marcadores desesperados, sem saber o que fazer. Jogava de centro avante, e como era ambidestro, jogava também nas pontas esquerda e direita. Os marcadores não acreditavam no que aquele baixinho atrevido fazia, de tão rápido que era.
Valmício (a direita agachado) no início da carreira no Vila Nova
Valmício conta que o Imbituba o contratou em uma sexta-feira pela manhã, no período da tarde ele já treinou e quando terminou viu com surpresa que havia sido relacionado para enfrentar no domingo o Botafogo, em partida amistosa, no antigo campo do Imbituba, que ficava onde hoje é o Supermercado Althoff. “É claro que fiquei nervoso, mas muito feliz, afinal eu era um garoto de 16 anos. No primeiro tempo fiquei no banco, mas no segundo, o treinador Alárico Jeremias me chamou e eu fui enfrentar as feras cariocas. Dei sorte, fiz o gol de empate da partida, por 2 a 2”.
Valmício nos tempos áureos do Imbituba Atlético Clube
Dos vários treinadores com quem Valmício trabalhou, ele cita o paraguaio Dom André como o melhor. “O gringo conhecia tudo de bola e com ele eu me desenvolvi muito tecnicamente”, ressalta. No Imbituba, o craque jogou durante nove anos e em todo esse tempo foi titular absoluto e o artilheiro da equipe. Os torcedores antigos contam que com Valmício em campo não tinha bola perdida, ele fazia gols de todos os jeitos, de cabeça, bicicleta, voleio e chutava muito bem com as duas pernas.
Antes de ir para o Hercílio Luz, de Tubarão, onde jogou seis meses e teve que retornar por força do emprego na Companhia Docas de Imbituba – onde trabalhava e recebia para jogar no Imbituba Atlético Clube -, o empresário Dite Freitas veio à cidade buscá-lo para excursionar com o Metropol, na Europa, mas o tricolor não liberou e ele perdeu a grande chance de se consagrar internacionalmente como um artista da bola. Valmício conta que preferiu ajudar o time do Imbituba durante o campeonato catarinense naquela temporada. Não foram campeões, mas vice. Valmício se lembra dos antigos companheiros de equipe, Tião, Jatir, Tadeu, Pedro Paulo, Altair, e tantos outros, que fizeram a história do futebol imbitubense.
Valmício (no centro agachado a direita), ao lado do então aspirante do Vila Nova Lico, campeão mundial pelo Flamengo
Para Vamílsom, ele só não despontou para o futebol nacional, porque não era o costume da época jogar futebol para enriquecer, mas sim por gostar. Há quem diga que Valmício jogou tanto ou igual a muita gente hoje consagrada mundialmente.
Vamílson é aposentado pela Companhia Docas de Imbituba, casado com Maria do Carmo há mais de 40 anos, com quem tem três filhas, Rosimere, Flávia e Rosane, proprietária da Ótica Nany, patrocinadora do Tempo e Placar do Campeonato Amador de Futebol, que inicia dia 8 de setembro.
Para ele, o futebol lhe trouxe muitas alegrias, fez grandes amizades e diz que não joga mais futebol devido a uma lesão que sofreu no joelho. “O futebol de hoje é muito diferente do meu tempo. Naquele tempo existiam muitos craques. Lembro de uma partida contra o Metropol, em que o zagueiro tenente rasgou toda a minha camisa”, observa Valmício. A história atlética deste ex-craque de futebol é rica em detalhes e coincidências. Jogando emprestado pelo Figueirense contra a seleção catarinense, fez o gol do empate por 3 a 3, e pelo Barriga Verde, de Laguna que montou uma seleção regional para enfrentar o temido Metropol, também marcou o gol do empate por 2 a 2. Mas o árbitro anulou igualmente um gol seu, legítimo, no final da partida. O goleiro Doni, da equipe criciumense, confessou que a bola havia entrado.
Valmício quando jogou no Hercílio Luz, de Tubarão
Em toda a sua carreira profissional, Vamício marcou aproximadamente 293 gols. Em seis meses de Hercílio Luz balançou as redes adversárias 23 vezes. Sua impulsão era incrível, com 1,62 metro de altura, saía do chão com muita facilidade, até 1,63 metro de altura, devidamente comprovado, o que lhe proporcionou muitos gols de cabeça. Hoje aposentado da Companhia Docas e pescador por vocação, Valmício confessa que não se arrepende de nada, mas gostaria de pertencer à geração de jogadores de futebol da atualidade e acredita que faria mais gols do que o Romário, baixinho como ele.
Valmício Teixeira de Souza, hoje com 64 anos de idade, nasceu no distrito de Vila Nova e reside no Centro de Imbituba, feliz e contente com tudo o que o futebol lhe proporcionou e gostando muito de assistir as partidas pela televisão, que segundo ele nem se compara em boa qualidade ao que era jogado em sua época.
Merece ser lembrado. Parabéns pela reportagem.
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