Há certas coisas que sempre esbarram no nosso dia-a-dia, algumas percebemos, outras não. Algumas sempre estão perto e não vemos, outras longe e queremos ter. Mas existe algo que sempre esbarra em minha vida, às vezes faço de conta que não existe, outras é inevitável perceber.
A pobreza, acompanhada da fome. Geralmente stão juntas, grudadas em um farrapo humano com diversos problemas.
A fome levou um pobre homem à esbarrar comigo este fim de semana. Um velho, sujo, me viu sentado. Trêmulo segurando um copo de café e faminto, não teve vergonha em pedir para mim, um desconhecido, que o acompanhasse até à uma lanchonete logo em frente e comprasse algo para ele comer.
Vendo seu estado, seus olhos vazios, mal conseguindo parar em pé, não hesitei e lhe disse para pegar o dinheiro e ir comprar seu lanche. Duvidei um pouco, como sempre duvido de pessoas que pedem dinheiro na rua, mas a vontade de lhe ajudar foi maior que qualquer dúvida.
Ao pegar o dinheiro ele foi ao local, pediu um pastel, o dono da lanchonete não permitiu que ele ficasse no local, mas aceitou seu dinheiro, embrulhou o lanche e o velho saiu faceiro.
Ao vir ao meu encontro ainda agradeceu uma vez mais e ofereceu um pedaço do pastel.
Desta vez, esta situação esbarrou em mim, mas quantas vezes a fome leva tais pessoas a pedirem um pouco do tanto que temos para apenas sobreviver mais um dia?
Devemos prestar atenção nestas pessoas, pois elas precisam de nós e não podemos fingir que não existem, pois estão por toda parte, em qualquer lugar.
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