Primeiro, o Brasil é gigante, fazendo com que aconteça o isolamento geográfico de algumas regiões e a influência de imigrantes, desde a colonização, influenciou também no molde dos sotaques brasileiros. Mas fica frio, por maior que o Brasil seja grande, a língua é a mesma em qualquer região, sofrendo apenas algumas mudanças no som e no ritmo da prosa. (quase todas, porque no interior de São Martinho e outras cidades colonizadas por alemães em Santa Catarina, se fala apenas alemão).
Vamos conhecer os sotaques e suas peculiaridades.
Ilustração de Danilo Dias |
BAIANO
“Oxênti, ó pai ó, tu acha qui eu sô di oondiii?" "Colé, meu bródi!" "Diga aê, disgraça!" "Sai do chão!" "Shhh… Ai, mainhaaa"
Os baianos falam desse jeito devido aos colonos portugueses e escravos vindos de diferentes regiões da África que deram origem a esse jeitão lentão e arrastado de falar. O som do T e do D é reforçado. Com o advento do Axé então, o "Sai do Chão" e o "Vâmo aê" se fala a toda hora.
MINEIRO
“Cêé dakimês? Então pópegá um lugar procê.” "Issé bão dimái da conta!" "Mai qui belêzz!" "óiquió." "Ói, lá vem o onzz da seis!" "Pron nóisvai?"
Mineirim gosta de cortar e emendar palavras – “ocê” já ouviu alguém falar “desjei”(desse jeito)? O sotaque teve forte influência de índios, africanos e portugueses. Falam do baiano que ele é preguiçoso, mas quem tem preguiça de falar na verdade é o mineiro nénão?
CUIABANO
“Fetcha a porta! Oví dizê que hodje vai caí um tchuvão.” "Assuntar" "ladino" "de apé" "Duvidá"
Doideira. O som de “ch”vira “tch” e o “ge” vira “dje”, como em “tchuva” e “djeladeira”. O R arredondado também aparece neste que é um dos sotaques mais diferentes do Brasil. Foram muito influenciados pelo jeito de falar dos índios.
Alguns derivados semelhantes como sinhô, sinhoca, nhoca, nhonhô. Ioiô, iaiá, sinhá funcionam como apelidos em toda parte, mas, em Cuiabá, costumam, às vezes , juntar-se a nomes designativos de família e de lugar de residência: Nhonhô de Manduca, Nhonhô do Baú. Quanto ao nhô, pode deixar de ser forma de tratamento para se transformar em apelido: Nhô Pulquério.
Sotaque Curitibano com Fernando Caruso
Ilustração: Tuba Caricatura |
CURITIBANO
“Eu gosto de ouvir um RRRÓQUENRRROL tomando leitE quentE” "AdEvogado" "Piá" "Bixiga"
A letra E, quando vem depois do D e do T, não é pronunciada como I – isso ocorre em quase todo o Brasil. O R, às vezes, é pronunciado continuamente. Chama salsicha (hot-dog) de "vina". Chama o semáforo de "sinaleiro". Chama o estojo de "penal". Diz "bolacha" em vez de biscoito.
GAÚCHO
“Tu párte agora às dééz da noite, guri?” “Capáááz!” "Mais peeerdido que cusco em procissão." "Mas bah, tchê!" "Mas bah, cadÊ Êsse hÔmem quE não chÊga, tchê!" "Bah, Tchê, o que tú está fazendo aí atrás?" "Tu não vÁi lÁ no rÂncho, tchê?" "Tri" "Trilegal"
Imigrantes italianos e alemães influenciaram o sotaque. Mas o jeito de reforçar o final das palavras é uma possível herança do espanhol falado no Uruguai e na Argentina. O A tem som de Âñ. É comum encontrar palavras em gauchês com mais de 1 sílaba tônica. A letra R também é mais forte, tendo o som de RRRRRRR, parecendo com o R espanhol.
PAULISTANO
“Entãum, mêo, pur quê CE num foi na festchinha? Tava suuuper déiz!” “Aqui é Curíntia Mâno”
São Paulo recebeu imigrantes de todo o mundo, que influenciaram esse sotaque. Línguas indígenas também temperam esse jeito de pronunciar a letra R “arredondada”, como na língua inglesa. Chamam semáforo de "farol", cantada de "xaveco", contra-cheque de "holerite", roleta (ônibus) de "catraca".
Aliás, "para poder estar melhor atendeIndo". Paulistas intercalam um "I" entre o "E" (que eles chamam Ê") seguido de "M" ou "N": "dizeindo", "fazeindo", "quareinta", "seimpre" etc.Sotaque Paulista com Adnet
CARIOCA (Esse sotaque é o meu preferido e o mais cheio de coisas)
“Vamosh pegarh uma onda mánêra? Pôa, demoro!” "Meu Deuxxxx, o carioqueixxxx é a lingua que chega maixxx perrrrrto do portugueixxx." "Caracaaaaaa, ixxxxxqueci o ixxxxxxxxxxxxxquero na ixxxxxxxquina da ixxxxxcola, mermão!" "Meu Deush! É mêishmo? Que liundo! São muito boinsh" "Essa galerinha irada arranjando altas confusões" "Mig, um cara descolado, no maior clima de azaração pra Fernanda, aprontando as maiores confusões".
Portugueses da nobreza ensinaram muita gente a falar o R “assoprado” – quando vem antes de consoante – e com um som de X na letra S. As vogais são mais abertas.
Alfabeto Carioca é o mesmo que o nosso, mas tem umas particularidades:C e QU substituídos por K.
Adição da letra Ş (S-Cedilha), para substituir o S e semelhantes. Equivale a meia duzia de SH. Ou seja, a palavra "bişkoito" se pronuncia "biSHSHSHkoito.
Adição da letra Ŗ (R-Cedilha), para indicar o R característico. É pronunciado de forma semelhante a uma catarrada
Adição da letra Ţ (T-Cedilha), para indicar o T com som de TCH.
Adição da letra I antes dos Ş e dos Ŗ (assim como o M antes do P e do B, no Português)Exemplo: VaiŞcuo,meiŞmo.
Outra peculariedade é o eco ao final de palavras terminadas com e ,i,o e u.Esse eco é o que dá o jeito baitola"malandro" de falar.E é formado por ditongos normalmente decrescentes ao final das palavras. Exemplos: PiŞcinãuo,malandruo,VaiŞcuo,traficantie,
Tela Quentie,intorpecentie.
Nelson Freitas: Variações Linguísticas.
Fonte Séria: Mundo Estranho
Fonte humorística: Desciclopédia
Esta postagem é pro meu amor Carine Ramos Sousa, pra entender melhor estes sotaques que ela está aprendendo.
Esta postagem é pro meu amor Carine Ramos Sousa, pra entender melhor estes sotaques que ela está aprendendo.
Carioquês é sem dúvida o sotaque mais sensacional que existe no Brasil.
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